Especialista esclarece dúvidas sobre câncer de próstata
Durante todo este mês, a campanha Novembro Azul buscou conscientizar a respeito das doenças que afetam a saúde do homem, em diferentes fases da vida. Uma delas é o câncer de próstata, que registrará mais de 61 mil novos casos no país em 2016, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Para ajudar na conscientização, a ALE abriu espaço em sua página no facebook para os seguidores enviarem as suas dúvidas sobre a doença. As perguntas foram respondidas pelo oncologista da Clínica Oncocentro, de Belo Horizonte, Dr. Luis Eugênio Andrade Filho. O médico é membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e membro da Sociedade Neuro-Oncologia Latino Americana. Confira a entrevista abaixo:
1- Quando o homem deve realizar o exame de toque? Além deste, quais outros exames devem ser feitos?
A partir dos 50 anos, os homens devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deve ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de dez anos. Além do exame digital retal, é recomendado fazer um exame de sangue PSA, capaz de apontar um câncer de próstata.
2 – O câncer de próstata apresenta sintomas em sua fase inicial? Se sim, quais são eles?
Sim, podemos ter dificuldade ao urinar com a sensação de que não esvaziamos a bexiga completamente, sensação de peso na pelve (região entre a bolsa escrotal e o ânus) e dor para urinar. Sangramentos na urina ou na ejaculação também podem ser notados.
3 – Quais os principais fatores de risco para a doença?
Os maiores fatores de risco identificados para o câncer de próstata são: idade, história familiar de câncer e etnia/cor da pele. Entretanto, a idade é o único fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento do câncer de próstata. Com relação à história familiar, aproximadamente 25% dos casos diagnosticados apresentam história familiar de câncer de próstata. Homens que tiveram pai ou irmão diagnosticados previamente com a doença apresentam um aumento de duas a três vezes no risco de desenvolver essa neoplasia. Esse risco aumenta ainda mais (aproximadamente 11 vezes) se o diagnóstico do pai ou do irmão tiver ocorrido antes dos 40 anos.
4 – A etnia/cor da pele também apresenta associação com o câncer de próstata?
Sim. O câncer de próstata é cerca de 1,6 vezes mais comum em homens negros quando comparados aos homens brancos. Apesar disso, é possível que essa diferença entre negros e brancos se dê em função do estilo de vida ou dos fatores associados à detecção da doença. Dieta e nutrição também são fatores importantes na etiologia do câncer de próstata. O excesso de peso corporal, assim como uma dieta com carne vermelha em demasia, apresenta aumento no risco de desenvolver esse tipo de câncer.
5 – Alguns homens só procuram o médico quando a doença já está bem avançada. O exame de toque ainda é tabu ou você percebe que os homens estão mais conscientes hoje em dia?
Penso que os homens estão mais conscientes. Ainda existe o tabu, mas está sendo suplantado quando os homens têm conhecidos que morreram precocemente de câncer de próstata por não fazerem o diagnóstico precoce. O tabu maior aqui é não perder a vida. Temos vistos muitas brincadeiras com o exame nas redes sociais. É um sinal que o preconceito tem diminuído.
6 – O câncer de próstata não deve ser a única preocupação dos homens. Quais outras doenças são muito comuns e devem ser prevenidas?
As principais doenças hoje do mundo moderno são o tabagismo e a obesidade. Subtraindo os dois de nossas vidas estaríamos evitando 60% dos cânceres. O câncer de cólon é um inimigo oculto e, por isso, homens acima dos 50 anos devem procurar um coloproctologista para fazer uma colonoscopia. O câncer de pele é o mais comum no Brasil e, para evitá-lo, é necessário usar protetor solar e evitar a exposição ao sol nos horários entre 10h e 16h.
As informações da entrevista não substituem uma consulta médica. Procure sempre um médico e faça uma avaliação individualizada.
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